Em que time você joga? No time dos otimistas, dos pessimistas, dos apáticos ou dos conscientes?

artigo de Vania Faria Sutherberry

Olhando o cenário nacional e todas as turbulências que nós brasileiros temos vivenciado em nosso país ao longo dos últimos anos, parece que estamos no meio de um liquidificador de acontecimentos e que quase tudo está acelerado, confuso, disforme, sem nexo…

E neste ínterim comecei a analisar nossos comportamentos enquanto povo / cultura. Fui aos poucos verificando similaridades em nosso jeito de nos comportar.  Percebi que  poderíamos dividir nosso povo em times. Mais especificamente, em 4 times. O time das pessoas otimistas, o time das pessoas pessimistas, o time das pessoas apáticas, e o time dos conscientes.

Identifiquei que alguns times estão super lotados, como é o caso  do time dos  otimistas e do time dos pessimistas (quase empatados em número de pessoas). Em  terceira posição vêm o dos apáticos. Também tem grande representatividade.  Já o último colocado, em termos de população, é o dos conscientes. Sempre foi assim e infelizmente continua sendo. Desde a Grécia antiga, era medieval, século passado e ainda no século XXI. 

Como eu me identifico com o quarto time e sempre trabalhei para aumentar sua população, decidi aproveitar este momento  brasileiro, para fazer uma campanha e angariar adeptos ao time de que visto a camisa.   Vamos lá?

Que tal começar verificando agora mesmo em que time você está e se é nele mesmo que pretende ficar nos próximos meses / anos. É esta a sua escolha de vida?

Os otimistas:

Essas pessoas são cheias de fé, esperança e quase sempre corajosas. Muitas vezes, ignoram os problemas do mundo, vivem no mundo de fantasias e ignoram as injustiças do mundo. Elas não se preocupam com as circunstâncias atuais, pois acham que as coisas vão melhorar, e não fazem nada a respeito. Ficam como “polianas” num mundo cheio de problemas, distorções sociais e perigos que rodeiam a todos o tempo todo.

Algumas pessoas deste time são idealistas, criam legados, e trabalham para gerar melhorias onde vivem e em suas comunidades. Algumas vezes  acreditam em milagres, que “Deus” irá salvar o mundo ou que algo acontecerá para mudar as coisas como em um passe de mágica.  

Às vezes, ignoram riscos e colocam-se em situações difíceis. Alimentam-se de fantasias e de sonhos, e exilam-se da realidade planetária. Quando estão na fantasia encontram alegria e contentamento. Sonham com realidades impossíveis de serem mudadas com esforços isolados ou apenas com a fé. Entre os outros quatro grupos, este é grupo onde as pessoas estão mais tranquilas, em paz, mais alegres e até mesmo mais felizes. Não necessariamente estão agindo ou distribuindo algo ao mundo. Estão muito mais no futuro do que no presente. Estão vivendo uma realidade que não é real. Estão vivendo uma auto-ilusão.

Os pessimistas:

Vejo neste time àqueles que fizeram a opção por culpar os outros pela atual situação de nosso país ou até mesmo pelos problemas mundiais. Neste time, alguns não se assumem como pessimistas e sim como realistas, céticos, ou pragmáticos. Seja qual for o nome dado as pessoas deste time, as principais características observadas nelas são: descrença e culpabilidade. Essas pessoas escolheram malhar o “Judas”. No caso o “Judas Iscariotes” é o País, o Brasil, seus governantes, os políticos, o partido governante, os corruptos, o sistema que está falido, que consequentemente gera falta de segurança, problemas educacionais, condições desumanas para a população, pobreza, desigualdade social, etc. etc. etc…

Em fim, a culpa é dos outros. A pessoa em si não tem nada a ver com isto. Fica apenas assistido os problemas do país, malhando, reclamando, lamentando, acusando, em alguns casos olhando a grama do vizinho que parece estar mais verde e desejando estar lá, dizendo por exemplo: – O Brasil é o país da baderna. Gostaria ir morar na Inglaterra, no Caribe, na Escócia, no Canadá, ou em outro país que oferecesse condições  melhores de vida à população… aqui está impossível. 

Já ouvi tantas reclamações como essas nos últimos tempos, que então eu pergunto: – O que uma pessoa ganha ficando neste time?

Bem, neste time ela não precisa comprometer-se, engajar-se em alguma causa, em uma missão ou fazer algo para que as coisas melhorem. Ela fica em condições difíceis, é verdade, porém mesmo assim é melhor do que ter que assumir a responsabilidade por criar algo melhor para si e para o ambiente onde vive.

Eu diria que este time é composto por pessoas que reclamam e apontam culpados continuamente. Elas nunca têm culpa de nada. Precisam apenas receber do mundo e nada retribuir.

Os apáticos:

Estão passando tempo. Estão alheios ao que está acontecendo, não se comprometem nem para um lado e nem para o outro. Ficam em cima do muro. Não tem opinião, não tem atitude, ignoram o que está acontecendo em nosso país ou no mundo. Estão seguindo a vida conforme a música do nosso querido sambista que diz: – deixe a vida me levar…

O que ganham agindo desta forma? Não precisam gastar energia com o mundo externo. Focam em cuidar do dia a dia e conseguem ficar bem com quase todos que convivem. Nunca criam confusão, desacordos, atritos. Mas também não geram nenhum movimento energético de mudança. Ou seja, se depender deles o mundo continuará como está.

Em minha opinião, esse time de pessoas é o time dos “mortos vivos”. Por falta de opção entram numa vivência altista, ignorando o que está acontecendo e, portanto não veem problemas no mundo. E se veem ignoram.  

Desta forma, não precisam agir e fazer algum movimento para gerar mudança. O que ganham agindo assim? Ao menos temporariamente conseguem ter controle e tranquilidade com as vidas que levam. Enquanto nada muito grave aconteça, vão deixando as coisas como estão.

Os conscientes:

Este time de pessoas vem sendo formado por afinidades de percepções de seus integrantes. E o que mais exemplifica a característica desses jogadores é a percepção clara de como o mundo está, bem como onde eles estão. Eles olham o mundo de frente e a si mesmos também de frente. Sabem exatamente o que podem oferecer ao mundo, desde o espaço mais próximo onde estão inseridos, lugares onde efetuam suas atividades profissionais, na comunidade onde vivem, ou até mesmo em projetos sociais e humanísticos. Estão sempre “fazendo” para gerar mudanças e transformações – às vezes em escala pequena e às vezes em escala grandiosa. Não importa o tamanho da obra, mas estão sempre em movimento.

São engajadas em causas, missões, mas ao mesmo tempo são realistas. Sabem que uma mudança, por menor que seja, precisa ser feita por pessoas e que nunca acontecerá um milagre. São engajadas no aprofundamento do autoconhecimento, pois melhorando quem são ficará mais fácil de ajudar o mundo lá fora. Criam um movimento energético que, por menor que seja, propicia movimento no mundo exterior.

As vezes estão angustiadas, pois gostariam de fazer mais e ver resultados mais rápidos. Mas nem mesmo o sentimento de angústia será capaz de desmotivá-las. Seguem fazendo, usando a intuição e muitos outros recursos que vão aprendendo e aprimorando durante o percurso.

É esse time que vem fazendo diferença no mundo e que pode fazer diferença, mesmo ainda sendo muito pequeno. Ele vêm ganhando batalhas  pela força do amor, pela determinação, pela coragem de exigir mudanças e fazer aquilo que lhe cabe. É o time dos que “arregaçam as mangas” e fazem algo. Plantam! Não se importam com o número de sementes plantadas ou onde plantadas. Está consciente de que um dia as sementes plantadas serão grandes árvores – significando sombra e oxigênio para as gerações futuras.

Minhas conclusões:

Cada escolha nesta vida tem suas vantagens e desvantagens. Esta é uma máxima que não há como negar. Cada pessoa alimenta-se dos resultados obtidos através das suas escolhas. Se estas escolhas são produtivas ou não, não cabe a ninguém julgar.

Porém, eu prefiro dizer que o mundo pode ser mudado e melhorado por pessoas que optem pela consciência. A consciência mostra a realidade como é, e coloca as pessoas em posições  protagonistas, dentro daquilo que elas se sentem capazes em retribuir ao mundo.

Eu penso que o Brasil e o nosso planeta precisa de um exército cada vez maior de pessoas optando e vivenciando o time dos conscientes. Milhares de pessoas, preferencialmente milhões de pessoas trafegando nesta esfera, certamente farão diferença e criarão condições melhores de vida para todos.

Se cada SER começar a plantar sementes do bem, trabalhar dentro de seu potencial e de sua missão de vida, uma nova força motriz será ativada, com força para mudanças imensuráveis. Somente desta forma a energia do bem começará a prevalecer e equilibrar as forças de confusão e do mal.

Ficar esperando que os outros façam alguma coisa para mudar a atual situação em que vivemos nos garantirá apenas uma coisa: um futuro igual ou mais difícil do que o atual.

Façamos a diferença e diferente, com consciência, mas acima de tudo, com amor no coração. Assim as mudanças começarão a brotar aqui no Brasil e mundo a fora. Você pode mudar de time a qualquer momento. Basta uma decisão e começar a mudança de atitude ainda hoje. 

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Vania Faria Sutherberry é sócia-fundadora da Evolução Humana Consultoria, consultora especialista em Desenvolvimento Humano e Cultura Organizacional, é também coach (especialista em coaching executivo, de carreira, life coaching e coaching sistêmico – desenvolvendo as dimensões físicas, mentais, emocionais e espirituais). Autora do livro “Lentes Coloridas  – Uma nova visão sobre destino e missão” e co-autora do livro  “A World Book of Values”. Escreve também para o BLOG da Evolução Humana e para seu BLOG pessoalRealizou coaching para centenas de executivos , dentre eles CEOS de multinacionais, diretores e gerentes. Desenvolveu projetos de Cultura Organizacional e Desenvolvimento de Lideranças em empresas no Brasil, México, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Marrocos e Espanha. Hoje morando na Europa, administra seu tempo entre as atividades executivas da Evolução HumanaConsultoria, e suas duas maiores paixões – “realizar coaching e escrever”.  

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